Ontem, 2 de julho, o assunto mais comentado do mundo gamer foi o polêmico caso envolvendo o CEO da EVO, Joey “MrWizard” Cuellar. O executivo foi afastado do caso após uma denúncia de assédio sexual e pedofilia.
Logicamente, a história acabou prejudicando o andamento da EVO Online, já que muitas empresas e pro players decidiram abandonar a competição. Assim, após algumas saídas de peso, a organização do evento resolveu cancelar a versão digital do evento… vamos entender essa história tão polêmica?
As denúncias no Twitter…
A história começou quando um usuário do Twitter, de nickname PyronIkari (também conhecido como Mikey), descreveu um comportamento predatório e inapropriado, por parte do senhor Cuellar, em relação a garotos menores de idade. Isso teria acontecido no passado, mais precisamente, nos anos 90 e 2000.

Depois, em um relato publicado no site TwitLonger, Mikey tratou de dar maiores detalhes sobre as polêmicas denúncias…
“Ele pagava às pessoas centenas de fichas [de arcade] para fazer coisas como tirar a roupa e pular em piscinas perigosas por um certo período de tempo. 99% do tempo, eram garotos jovens […] éramos adolescentes sem dinheiro e 100-200 fichas (20-40$ em fichas) eram muito. Então, quase todos nós fizemos isso sem pensar duas vezes. ‘Pule em uma piscina por 10 minutos por 40 $? Inferno, sim!’. Nós nunca pensamos nisso de maneira predatória”.
O relato aponta que o comportamento abusivo aconteceu em meio à comunidade de jogos de luta dos anos 90 e 2000. E mais, enquanto apresenta os fatos, Mikey revela algumas situações controversas, como um buraco na parede (para observar quem usava o banheiro), e chega a comentar sobre um desafio que supostamente foi lançado por Cuellar, com o intuito de avaliar o tamanho do pênis dele. Em suma, uma série de ações repudiáveis…
O afastamento de Joey Cuellar
Como não poderia deixar de ser, as acusações repercutiram rapidamente e chegaram aos ouvidos dos organizadores do evento. Horas depois, por meio do Twitter oficial da EVO, o afastamento de Joey Cuellar foi confirmado.
“Estamos cientes das acusações feitas contra Joey Cuellar […] o comportamento dessas acusações contraria diretamente a missão da Evo de construir um ambiente seguro e acolhedor para todos os nossos jogadores e participantes. Nós levamos essa responsabilidade a sério. Por conta disso, Joey foi colocado em licença administrativa até uma investigação de terceiros”.
A reação das grandes empresas

Acompanhando o desenrolar da situação com atenção, as grandes empresas que emprestam seus nomes para o evento começaram a se posicionar. Nesse sentido, a NetherRealm foi uma das primeiras a se pronunciar…
“Estamos solidários com aqueles que se manifestaram contra o abuso. Vamos tirar o MK11 do EVO Online”, dizia um tweet da empresa.
A Capcom e a Bandai Namco vieram na sequência e alguns dos principais jogadores da competição, como Dominique “SonicFox” McLean, também se manifestaram e afirmaram que não iriam mais competir no evento.
Assim, ao longo da quinta-feira, a web foi tomada por manifestações e declarações. Na maior parte dos casos, as mensagens atestavam o repúdio contra as ações abusivas e deixavam clara a intolerância contra esses atos.
O cancelamento da EVO Online
Quando as principais empresas e os grandes jogadores decidiram anunciar a não participação na EVO Online, a continuidade do evento foi colocada em xeque. O cancelamento se tornou cada vez mais provável e, nas últimas horas, ele aconteceu…
“Nas últimas 24 horas, em resposta a graves alegações recentemente divulgadas no Twitter, tomamos a primeira de uma série de decisões importantes sobre o futuro da nossa empresa. Com efeito imediato, Joey Cuellar não estará mais envolvido com a EVO em qualquer capacidade. Estamos trabalhando para sua completa separação da empresa e o exoneramos de todas as suas responsabilidades. Daqui para frente, Tony Cannon atuará como CEO; nesta posição, ele assumirá um papel de liderança na priorização de maior responsabilização em toda a EVO, tanto internamente quanto em nossos eventos. O progresso não acontece da noite para o dia, ou sem a bravura daqueles que falam contra má conduta e injustiça. Estamos chocados e tristes com esses eventos, mas estamos ouvindo e comprometidos em fazer todas as mudanças que serão necessárias para fazer da EVO um modelo melhor para a cultura mais forte e segura que todos buscamos. Como resultado, estaremos cancelando o EVO Online e trabalharemos para emitir reembolsos para todos os jogadores que optaram por comprar um crachá. Vamos doar o equivalente aos lucros prometidos ao Projeto HOPE”, dizia o comunicado oficial.
Sem EVO em 2020

Bem, para a infelicidade dos fãs das competições de jogos de luta, tudo indica que não haverá uma EVO em 2020. O evento iria passar para o formato online, por conta do COVID-19, e começaria no próximo sábado, 4 de julho.
Todavia, diante de todas as polêmicas, o cancelamento acabou se tornando inevitável. O que nos resta agora é aguardar para saber como a mudança na direção da EVO irá impactar o evento para os próximos anos.
E só para constar, Joey Cuellar chegou a usar seu perfil no Twitter para falar sobre o ocorrido…
“Desculpa. Eu nunca quis machucar ninguém. Eu era jovem e imprudente e fazia coisas das quais não me orgulho. Tenho crescido e amadurecido nos últimos 20 anos, mas isso não desculpa nada. Tudo o que tenho tentado fazer é me tornar uma pessoa melhor. Mais uma vez, sinto muito”.
Como pôde perceber, o ex-CEO da EVO não negou seu envolvimento nos atos descritos nas acusações. Logo, o cancelamento do evento, embora tenha sido uma infelicidade para os fãs dos games de luta, foi uma decisão correta e, por sorte, será um exemplo perfeito para mostrar aos praticantes de ações abusivas que esse comportamento não sairá impune. Até a próxima…